
Seus dedos fediam, sua boca fedia e seu cabelo também. Ele parecia fumar o tempo inteiro. Em lugares públicos, tragava um cigarro imaginário, que era para não se sentir tão só. As pessoas não o entendiam porque ele não entendia as pessoas. Melhor: ele não entendia o mundo. Aprendeu a parar de indagar e a mastigar o silêncio nas horas mais amargas. Sua imagem no espelho nada mais era do que uma imagem. Era qualquer outro que não fosse ele. Demorou a entender o que se passava na sola dos pés quando eles sangraram. Não sentiu pisar nos cacos que deixou no chão. Não chorou quando soube que pisava em si mesmo.
Um comentário:
Me senti parecida com ele, seja este quem for....
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