Confissões


Cada um cobre os seus buracos como acha melhor - buracos feitos por mágoas e angústias, que, mesmo com o tempo, não conseguiram cicatrizar. É duro pensar que a vida é uma sucessão de desafios que podem acabar em qualquer resultado, seja bom ou ruim. Penso em minhas válvulas de escape que permitiram-me engolir um pouco as mágoas, mas não esquecê-las por completo. Sinto em mim um peso de angústias que, no decorrer dos anos, se tornaram um fardo no qual cheguei a pensar que era para sempre. Parece que não estou aqui; talvez outro lugar bem longe tenha me abrigado, e eu não me dei conta do mundo externo. O aconchego do meu próprio universo é tão grande que às vezes chego a pensar que seria um ótimo lugar para deixar-me levar durante os anos. Mas sei, mais do que tudo, que vivo uma fantasia que entrete minha mente corrída de tristezas que ainda não consigo esquecer. Temo que me falte palavras para expressar o que sinto e o que sou - é nas linhas que me encontro e as páginas em branco me pedem cada vez mais para escrever e escrever, vomitar o lado negro de mim mesmo para que o paraíso (ou o que sobrou dele) seja visto pelos meus olhos cansados de chorar. Não me peço mais paciência e não acredito nas horas que insistem em derrubar todo um castelo de areia construído com grãos de experiência adquiridos ao longo da minha vida. O que quero não é aparecer ou promover uma imagem; meu maior desejo é que a minha vida não seja uma página em branco.

(08/02/11)

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