Regiões periféricas de São Paulo enfrentam problemas de mobilidade e segurança

O desamparo sofrido pelas regiões mais afastadas do centro de São Paulo fica explícito na série DNA Paulistano, realizada pelo Instituto DataFolha em 2008 e posteriormente em 2012 e publicada pela Folha de S. Paulo em um caderno especial. Segundo o mapeamento, a escassez de pontos culturais, de lazer e esporte é apenas alguns dos problemas enfrentados por moradores de periferias, além do demorado deslocamento realizado da residência para o trabalho e vice-versa.


Evandro Spinelli, repórter de cidade do
 jornal Folha de São Paulo
(Foto: Giuliano Ferrari)
Enquanto cidadãos com melhores condições de vida reclamam do trânsito, a preocupação dos moradores de bairros mais carentes é outra. “Na extrema periferia, em que o cara demora duas a quatro horas do Grajaú ao centro, o trânsito não era bem avaliado, mas não era a principal preocupação. A principal preocupação era a falta de escolas, falta de creches, falta de hospital, de saúde”, indica Evandro Spinelli, repórter da Folha de S. Paulo, coordenador dos cadernos DNA Paulistano em 2012 e diretor da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

Para Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Instituto DataFolha, a população continua enfrentando esses problemas porque não consegue encontrar aquilo que precisa perto de casa. Com maiores ofertas nas regiões centro centro-sul de São Paulo, as pessoas se locomovem por horas para irem trabalhar, estudar e etc. “A tendência, principalmente nos bairros da periferia, era sempre ele [o indivíduo] avaliar pior o bairro onde vive do que a cidade como um todo. Então ele não consegue encontrar no bairro dele aquilo que ele vê na cidade”, completa Janoni.


Concentração de empregos no centro, como no bairro São Bento (foto),  faz moradores de
bairros periféricos se deslocarem por muitas horas diariamente
(Foto: Leandro Fonseca)
No DNA paulistano de 2008, a violência se encontrava em sétimo lugar entre os principais problemas para os moradores de São Paulo. Segundo o DNA realizado em 2012 , a preocupação com a violência subiu para o segundo lugar, superando as questões de trânsito. Janoni aponta que, quanto mais uma pessoa estiver na rua, mais exposta à violência urbana ela está, e muitos moradores das periferias levam tempo pra se deslocarem. “Você percebe que é forte, por exemplo, nos bairros de periferia, um medo de se andar à noite pelas ruas, principalmente os que saem mais tarde do trabalho”, afirma. Entre promessas de épocas eleitorais, as regiões periféricas de São Paulo ainda aguardam assistência de políticas públicas. Evandro Spinelli declara que é preciso aproximar as pessoas da cidade, criando moradias no centro e emprego na periferia. “Isso é unânime. Todo mundo fala isso. O PT fala isso, o PSTU fala isso, o DEM fala isso, o PSDB fala isso, todo mundo fala. A questão é como fazer isso”, critica.

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