Escusa

Em minhas mãos escorre
O sangue das feridas que abri
Com a minha falta de piedade
Comigo mesmo.


O corpo que se esconde
Nas trevas do passado
Agora se desfaz por completo
Numa silhueta tenaz
A pedir perdão a própria alma.


Revogar a melancolia
Já não é caminho correto;
O esperto é aquele
Que vê a vida sem nada
Pedir algo em troca.


Já não escondo mais
O ventre em que habitei
Por nove meses,
Sorvendo o sangue e os fluídos
Que agora são parte
Desta estrutura corpórea
A que chamam de corpo.


Este meu pedaço de carne
Vaga pela solidão mais íntima
E repousa na montanha de ilusões
Que lhe couberam as mágoas.