Crise pênistencial

Claudio havia passado uma noite inesquecível ao lado de Lili. Ao término da troca de fluídos e carinho, olhou para o relógio, estava na hora de ir trabalhar. Apesar daquele belíssimo momento, vestiu-se e saiu do quarto, cabisbaixo.
Encontrou Luciano, colega de escritório, que narrava as extraordinárias histórias e estórias que alegara ter passado no fim de semana. Apesar de tudo, Claudio sabia que era tudo mentira e permanecia em silêncio para deixar intacta a auto-estima do companheiro. Luciano, após falar e falar por um longo tempo, deu-se ao trabalho de encarar o colega, que olhava fixamente para o chão, com o semblante tristonho. Então arriscou uma pergunta:
- Você está bem?
- Não muito.
- O que acontece?
- Sabe, andei pensando em uma coisa...
- Que coisa?
Clímax do conto: Claudio, propositalmente, deixa no ar certo suspense, demorando a responder, fingindo amarrar os cadarços do sapato ou ajeitar a gola da camisa social. Vendo a inquietação do colega, decidiu falar:
- Andei pensando sobre o meu pinto.
- Virou veado narcisista, agora?
- Não é nada disso, Luciano. É que meu pau é diferente.
- Diferente como?
- Bom, não estou à fim de mostrá-lo, então vou tentar descrever. É assim: ele é reto, extremamente reto, até quando está mole ele é reto.
- Reto?
- É, reto. Um dia você me disse que seu pau é torto pra esquerda. O Fábio me disse que o dele é virado para cima, e umas outras tantas pessoas me disseram que seus respectivos paus são virados para todos os lados, para cima, para baixo, pra direita, pra esquerda. Só o meu que é reto.
- Cara, isso é realmente é bizarro. Te aconselho a ir ao urologista.
Claudio quase não pôde trabalhar naquele dia. Em sua mente ainda ecoava a conversa com seu colega, e com aquilo sentia-se realmente estranho. Fingindo uma dor de cabeça, pediu dispensa ao chefe e decidiu ir à casa de Lili. Como sempre, transaram por horas seguidas, ela sempre insaciável, e ele, naquele momento, um homem inseguro. Após o terceiro orgasmo, Lili, exausta, notou toda a melancolia de seu amado, e então perguntou:
- O que passa?
- Não é nada não.
- Me conta. Se lembra que a gente combinou de nunca esconder nada um do outro?
- É verdade. Bem, é que andei pensando em uma coisa...
Lili, já esperançosa que iria receber o pedido de casamento ali mesmo, ajeitou-se na cama, arrumando os cabeços bagunçados, encarando-o com ternura.
- Que coisa, meu amor?
- Sobre o meu pau.
- O seu pau?
- Isso mesmo. O pau de todos os homens são tortos. Uns são virados para a esquerda, outros para a direita. E tem uns, também, virados para baixo, outros para cima. O meu, apenas, é reto como um cabo de vassoura.
- E como você está entendendo tanto de paus assim? Andou conhecendo alguns?
- Você sabe que veado não sou. É que todos os meus colegas do trabalho dizem isso.
- Que ridículo, essa coisa de ficar falando sobre o próprio pau. Nós mulheres nunca falamos da boceta uma da outra. Nunca me importei que a minha foi sempre apertadinha.
- Está certo, mas o caso é que sou um homem. Eu me sinto um alienígena!
Claudio jogou-se no colo de Lili, pondo-se a chorar. Ela, enquanto acariciou os cabelos do amado, olhou para o teto, não acreditando que estava passando por aquilo.
- Homens e suas crises... Que merda!

Um comentário:

Michele disse...

AHUAHAUHAUHAHUA vou escrever!!!!
Jamais imaginei que iria ver uma crise pÊnistencial de um cara. Um assunto que nunca passou pela minha cabeça. Cada coisa!!!
Ri muito...coitado do cara...manda a mulher puxar, ás vezes, quem sabe, entorta ahahahahahahhaha
Abço, Michele.