Exercícios Físicos

Dona Eliete, após uma consulta ao médico recorrente à fortes dores nas costas que vinha sentindo no decorrer de algumas semanas, recebeu a notícia de que seus males poderiam ser amenizados, e até mesmo curados, com vários exercícios físicos diariamente. Ela, não muito acostumada àquele tipo de coisa, saiu do consultório com a mente repleta de pontos de interrogação.
Chegando em casa, pediu ao seu filho caçula, Leonel, para que lesse e explicasse o que estava dizendo aquela folha que a doutora havia lhe entregado. O menino, atentamente, leu toda a folha e contemplou as figuras ali estampadas, e então explicou à sua mãe, tão ruim de vista e de pensamento, que aquilo era uma lista de exercícios que teria de fazer todos os dias.

Chegando à noite, o filho mais velho de Dona Eliete, Reinaldo, chegou de seu trabalho e se pôs a conversar com Leonel, perguntando-lhe sobre as novidades do dia.
- Ah, mamãe tem que fazer um montão de exercícios físicos por causa daquelas dores nas costas que ela vem sentindo - disse Leonel, concentrado em um livro aberto sobre o seu colo.
- Que exercícios? - perguntou Reinaldo, tirando dos pés os sapatos apertados e a gravata sufocante.
- Exercícios de alongamento e tal. Sabe, são muito estranhos e difíceis! Parece até o Kama Sutra!
Os dois irmãos riram, e então Leonel voltou à sua leitura e Reinaldo tirava as meias dos pés. Mas não haviam notado a presença de Dona Eliete que, parada no limiar da porta, contemplava os dois jovens com uma profunda cara de dúvida.
- O que é Kama Sutra? - perguntou a mulher, esfregando os dedos no avental sujo de beterraba.
Os irmãos se olharam, ainda mais confusos. O que explicar à sua mãe sobre um assunto assim tão delicado quanto àquele? Sim, muito delicado, pois aquelas coisas eram jamais mencionadas dentro daquela casa. E então, usando toda a sua sagacidade, Leonel respondeu, quebrando aquele silêncio pétreo:
- É um livro que tem muitos exercícios difíceis de se fazer. Muito complicados.
Dona Eliete abriu um sorriso. Tinha entendido, por fim (ou parecia ter entendido aquilo tudo). Voltou para a cozinha e seus afazeres, enquanto os irmãos se olhavam, sem saber o que dizer.

3 comentários:

Luara Quaresma disse...

Você escreve muito bem (:

Anônimo disse...

Cumplicicade familiar é uma benção!
É como falar para vó:
- Vamos pros primos do Thi!
Horário: meia-noite... tem certas coisas que é melhor olhares cúmplices, é mais phyno!

Beijinho!

Amanda Pinheiro disse...

hahahhahahha muito legal :D