Falando de Cinema: "Ilha do Medo", de Martin Scorsese

Martin Scorsese havia ganhado o meu respeito quando assisti Taxi Driver, seu filme de 1976 que ganhou a Palma de Ouro em Cannes e foi indicado ao Oscar na categoria “melhor filme”, assim como o Steven Spielberg passou a ser adorado por mim quando pude assistir Munique e Minority Report. Mas este respeito havia se multiplicado ao ter assistido seu mais novo lançamento, “Ilha do Medo” (Shutter Island, 2009, 148 min), filme baseado na obra de literatura do famoso escritor de romance policial Dennis Lehane. Confesso ter tido receio de assisti-lo, sendo um estilo de arte tão diferente do meu gosto. Sinceramente acho livros e filmes policiais tão previsíveis que o final da história é encontrado logo de cara nos primeiros minutos. E é essa impressão que tive no início do filme.
História sem nenhum excesso de criatividade, estende-se em uma ilha que abriga um hospício e onde todas as pessoas parecem ser ameaça para o detetive Teddy Daniels (interpretado por Leonardo Di Caprio), que nos últimos minutos de filme se demonstra um personagem totalmente diferente do que nós imaginávamos. É esta reviravolta criada por Lehane e embelecida pelo olhar artístico de Scorsese que torna o filme tão magnífico. Tudo o que o espectador assistiu nos minutos passados parece cair por terra, e leva certo tempo, também, para ele se dar conta disso. E a poderosa trilha sonora ganhou muitas cenas.

A trilha sonora é tão importante para um filme, assim como um médico é importante para um hospital, apesar de muitos diretores bons não optarem por este tipo de recurso, ou o usarem em raras situações. Há uma música muitíssimo violenta e cheia de beleza que faz parte de uma das cenas mais fortes na minha opinião, que é a chegada do detetive Daniels e seu companheiro Chuck Aule (interpretado por Mark Ruffalo) ao hospício macabro no meio da tenebrosa ilha. Este sensacional som funciona tão bem no sentido de prender o espectador ao filme, que Martin Scorsese talvez tenha exagerado em sua quantia no decorrer do longa-metragem. A música repete-se em diversas vezes, e gradativamente extingue o seu poder de prender a todos. Porém, ela não sai da cabeça e fica lá por um bom tempo.
A fotografia é impecável. Câmeras bem posicionadas, enquadramentos inesquecíveis e a melancolia nas cenas é que fazem este filme ser o que é: fantástico. Um filme sem muitos exageros, apesar de não ter uma maquiagem tão especial assim, o que também é de suma importância para o cinema. Deixo aqui a minha mais sincera admiração por Leonardo Di Caprio, que teve uma atuação excelentíssima, superando até, em algumas vezes, a presença do ator Mark Ruffalo.


Não é o melhor longa-metragem que já vi neste ano, mas está bem perto de o ser, ficando ali colado com o filme do Tarantino, Bastardos Inglórios. Tente não assistir este filme com a namorada ou namorado, amigos chatos ou qualquer outro tipo de indivíduos azucrinantes, pois ele deve ser assistindo com bastante minúcia, pois algumas idéias do filme do Scorsese podem passar despercebidas, e o filme fica bastante confuso de compreender.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não tive a oportunidade de ver esse filme, mas pelo que parece Scorsese está mais "emocional" e menos "técnico".