Contos de Fadas, Contos da Vida

"O mundo é muito bonito - disse eu - meu pai tinha razão"
conto Sonho de uma Flauta, Herman Hesse.

O ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, em 1946 deixou completamente o seu romantismo fortemente marcado em suas primeiras obras para se aventurar na crua realidade da vida. Mas, nem por isso, o escritor alemão, naturalizado suíço, Herman Hesse (1877-1962) deixou de ver a vida mais ou menos bela por isso. Um exemplo claro dessa sua visão de mundo está fortemente marcada em sua obra Märchen (Contos de Fadas), que veio para o Brasil com o simples título de "Contos".
Tenho este livro há muito tempo escondido em minha prateleira. Mas fiquei com certo receio de abrí-lo pois havia passado uma experiência constrangedora em uma das obras do escritor alemão/suíço, O Lobo das Estepes. Cada página lida era um embaraçado na minha cabeça de treze anos, na época. Terminei o livro, mas considero que nunca o li realmente, pois não cheguei a entendê-lo. Pois ler é entender, acima de tudo. Com medo de que essa situação se repetisse, fui pegar o livro de contos de Hesse apenas no começo deste mês, anos depois de adquirí-lo. E tive reações fantásticas.

Todas as histórias narradas nos contos (alguns em primeira pessoa, como é o caso do conto Sonho de uma Flauta, e outros em terceira, como o conto Augusto) são tão singelos e delicados que dá medo de ler muito rápido cada palavra com medo de quebrá-las. Mas o ensinamento de cada texto é tão pesado que se torna difícil digerí-los assim, tão rapidamente, por isso é necessário alguns minutos após a leitura para reflexão.

Como ele mesmo havia dito sobre os próprios contos, "que acontecem neles ficam nos limites das leis da natureza e da convivência humana". Fico extremamente feliz em saber que a Literatura não é simplesmente um punhado de palavrinhas publicadas em um calhamaço de folhas. Heman Hesse busca passar mensagens belíssimas em cada obra. Mensagens que ultrapassam o tempo e condizem exatamente com o tempo individualista em que vivemos hoje.

Algumas de suas obras foram influenciadas pelas ideias de Jung, como é o caso de sua obra Demian, publicada em 1919. Na verdade, creio que ele sempre foi um cara em busca de ideias. Mudou-se para a Índia e acaba conhecendo a beleza da religião budista, no qual ele se torna membro até os últimos dias de sua vida. Foi fortemente influenciado pela Primeira Guerra Mundial, que causou rebuliço em sua cabeça. Suas ideias anti-militares podem ser claramente visualizadas no tal temido (por mim) O Lobo das Estepes.

Recomendo.
Tenho uma edição bem antiga. Talvez as editoras tenham publicado edições melhores, mais atualizadas. Mas o importante é cada um de nós ler esta obra. Após lê-la, estou retomando a leitura dO Lobo das Estepes, onde seus contos me fizeram perder o medo pela escrita e ideias hessenianas.

Ler os contos dele é mais do que acréscimo intelectual. É um acréscimo de lição de vida.



Vídeo inspirado no conto "O Poeta". Achei criativo. A história se passa nos dias atuais. Por exemplo, no conto há um show no vilarejo onde mora o poeta Han Fook. No vídeo, o poeta vai para um show de rock n' roll. Vale a pena dar uma conferida!

Um comentário:

VERU disse...

OI! Tava procurando na net o conto "Augusto", o único q li ainda criança desse mesmo livro q vc postou a capa, e acabei parando aqui! Achei legal seu post, um dia pretendo terminar de ler o Contos, e o Lobo da Estepe também, minha mãe tem ambos em nossa casa no Rio de Janeiro, mas no momento eu vivo no Japão, por isso estava buscando Augusto no google. ^^
Ainda não achei, então sigo buscando! T++