I
Ouviram de Paraisópolis, Brasilândia
e Heliópolis,
às margens de córregos a céu aberto,
o grito retumbante de um povo pobre.
E o tiro da polícia, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da quebrada nesse
instante.
Desafia o nosso peito a própria morte
Idolatrada pátria amada,
Salve! Salve!
De ódio e fome as crianças aqui
crescem.
Gigante adormecido pela própria
ignorância,
És frio, és sujo, impávido governo.
E o teu futuro espelha essa incerteza
Terra vermelha de sangue.
Dos pretos deste solo és capataz
cruel,
Ó pátria amada.
II
Deitado eternamente no frio cimento
Ao som do pranto e à luz do giroflex
Fulguras, ó cadáver, sob lona escura.
Do que a bala mais perdida
Tuas tristonhas, rudes fardas têm mais
sangue
Nossa vida, na tua mira, vira
estatística.
Ó pátria idolatrada
Amada, de silêncio e repressão tu és
símbolo.
O lábaro que ostentas tem cheiro de
morte
E diga o vermelho-sangue desta flâmula
- Paz é lenda e glória não enche
barriga.
Verás que um filho teu de tiro foi pro
IML
E nem teve tempo de temer a própria
morte.
Terra vermelha!
Entre outras mil
És tu, Brasil, ó pátria amada.
Dos filhos pobres deste solo tu se
esqueceu.
(30/03/2014)
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