Falando de Séries: The Walking Dead

A produção americana direcionada às séries vem crescendo cada vez mais, dando espaço para a divulgação de diversos artistas que não conseguiram sua vaga em Hollywood. É claro que estas produções não devem ser vistas como uma salvação, já que alguns ainda persistem na falta de originalidade na criação de enredos, na escolha de atores e na direção como um todo. Os americanos não possuem mais o péssimo hábito de acreditar que qualquer obra cinematográfica só é realizada em filmes; as séries de TV carregam hoje todo um potencial que surgiu a partir do momento em que elas foram vistas como uma nova forma de empreendimento, já que Hollywood não se sente mais a última bolacha do pacote e nem deve sentir-se. Uma destas séries que é digna que qualquer produção hollywoodiana surgiu em meados de Outubro deste ano nos Estados Unidos e chegou ao Brasil no início de Novembro – em original, seu título é The Walking Dead, tendo sido traduzido como “Os Mortos Vivos” por aqui onde a Fox exibiu os capítulos.

A série é produzida por uma multidão de pessoas que mostram na prática o quanto sabem fazer cinema, mesmo trabalhando em um seriado. São eles Frank Darabont, Gale Anne Hurd, David Alpert, Robert Kirkman e Charles H. Eglee. Toda a obra é baseada na história em quadrinhos escrita por Robert Kirkman (um dos produtores da série) e o desenhista Tony Moore (substituído por Charlie Adlard a partir da 7ª edição) quem tem como nome o mesmo da série e, também, chegou ao Brasil com o título de “Os Mortos Vivos”. A HQ teve diversas premiações nos Estados Unidos e deu suas caras por aqui recentemente, um pouco antes do surgimento da série. Pessoalmente, não li [infelizmente] os quadrinhos, mas, pelo pouco que vi, traz algumas características do antigo seriado americano de terror, como Tales of the Crypt. Por este motivo, falarei sobre a série sem qualquer relação com a obra original, já advertindo que, mesmo assim, são produções distintas e não deve haver qualquer tipo comparação. O que muitos não entendem é que história em quadrinhos (assim como os livros) é uma expressão artística e o cinema é outra forma, bem distinta.


A história é simples, sem qualquer tipo de quebra de padrões. Um cop american vai parar em um hospital após ter sido baleado. Ao acordar, encontra o estado de Atlanta completamente devastado por mortos-vivos ou walkers (errantes), como são denominados na série estas criaturas fascinantes. A partir daí, segue-se o enredo com suas particularidades e com seus altos e baixos. Baixos, estes, que são bem poucos, já que o seriado tem uma belíssima produção e o elenco de qualidade que impede que a obra seja um fracasso. Sou contra spoilers e por este motivo não me prolongarei na trama que é caracterizada muito mais pela relação dos personagens do que com o zombie apocalypse propriamente dito. Não sei se esta característica pode ser vista nas HQs, mas o que mais me impressionou é como o comportamento humano diante de certas situações pode sofrer mudanças drásticas, dando margem à atos que, moralmente falando, chamaríamos de “insanos” ou “animalescos”. A devastação humana e a epidemia de zumbis são apenas panos de fundo para uma análise deliberada sobre o comportamento humano. Os impulsos e sentimentos são verdadeiras alavancas para o prosseguimento da trama. E, quem espera ver quilos e quilos de entranhas, litros e litros de sangue, tiros e mais tiros nesta série, está começando pelo lado errado, já que são poucas as cenas em que zumbis aparecem. Porém, as cenas com embate humano versus zumbis são memoráveis, dignas de George A. Romero.

A primeira temporada possui apenas 6 capítulos que servem somente para deixar o telespectador com vontade de assistir mais e mais capítulos. Apesar de escassa, a temporada abriu com chave de ouro uma produção que, desde o início, prometera ser de cair o queixo. E assim o é. Atores excelentes (em especial Jon Bernthal com sua virilidade demasiadamente sensual), uma equipe que sabe o que faz e um roteiro bem construído, mesmo usando artifícios típicos de qualquer filme de zumbi, fazem da série The Walking Dead uma obra inesquecível que deveria servir de exemplo para outras produções que virão, seja ela na televisão, no cinema e etc. E, de tão inesquecível, pede-se mais e mais capítulos pelos fãs que, infelizmente, terão de esperar um pouco mais de um ano para assistirem a segunda temporada. Por enquanto, o que resta é torcer os dedos e assistir The Night of the Living Dead.


Um comentário:

Anônimo disse...

Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.

- Daniel