Belinda *


Para os dias mergulhados no mais profundo dos tédios, as únicas escapatórias para todo aquele marasmo era sentar-se em frente à TV e assistir a filmes antigos; também, costumava parar em qualquer esquina e fingir estar à espera de alguém, apenas um disfarce para olhar os homens que passavam. Na maioria das vezes eram brutos, homens cheios de suor e pêlos que saíam de alguma construção para a sesta. Carregavam suas marmitas debaixo do sovaco e, em bandos, os gorilas enchiam Belinda de frases luxuriosas, cheias de porra e outros fluídos. Mesmo sem encostar no corpo de algum deles, sentia as entranhas se agitarem ao olhar a braguilha alheia, à procura de algum sinal da presença de um pênis bem grande. As calças apertadas não deixavam mentir o tesão que sentiam ao vê-la ali, parada como uma puta, disposta à qualquer coisa. Os cabelos ruivos davam a Belinda um ar angelical e seu aspecto devasso logo se transformava em uma imagem virginal, uma santa puta de hímen intacto. Mas o que nenhum daqueles homens sabiam era que, dentre aquelas coxas brancas e tenras, encontrava-se o mesmo órgão genital que o deles. Apesar do pinto, Belinda era a mais mulher de todas as mulheres que aqueles macacões haviam comido; acostumados, talvez, a putas fétidas, idosas de lábios secos e bacurinhas enfeitadas de sífilis, não se adaptaram com toda a pureza que o corpo da ruiva podia conter. De pura, é óbvio, não tinha nada, e se tinha, Belinda preferia não deixar à mostra. O segredo e o mistério são os principais ingredientes para uma inesquecível gozada. Belinda perdia a conta de quantas vezes havia se masturbado imaginando como seria a pica daqueles homens que a olhavam com desejo pelas ruas. Por isso sempre fora criativa, uma artista do sexo; a mais feroz das lobas ou a mais assustada das cabritas: esta era Belinda, dicotômica por hobby, dançava conforme a música e a intensidade do desejo. Uma mulher por completo, de espírito avassalador, deixava a sua vagina imaginária tomar as rédeas de seus atos, quando sentia aquela ardência interna formigar o corpo inteiro. Quando o tesão batia à porta, Belinda abria toda a sua casa e suas pernas: sempre fora muito educada e prestativa por natureza.





*trecho do romance em produção "Quatro balas para Dois corações", possui autoria do cara deste blogue, ou seja, eu, Leandro Fonseca. Legal, né?

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