Promessas vãs de uma rainha


Eu vou deixar de calçar os teus pés
E de lhe trazer à cama o café quente sem açúcar
E tirar dos teus olhos as remelas;

Não vou mais acender os teus cigarros,
Muito menos fazer o nó da tua gravata vermelha
E passar perfume em teu pescoço;

E quando me deixares para ir trabalhar,
Não conte comigo para engomar as tuas camisas
E nem lhe preparar aquelas almôndegas ao molho;

Não mais irei te esperar na sala de jantar
E com um beijo perguntar como foi o teu dia
Pois sei que eles são todos iguais;

Vou abandonar as carícias que eu lhe dava,
Aquelas antes, durante e depois do banho
E não conte mais comigo para esfregar teus pés;

Se perderes o controle da televisão,
Não me chame, pois não irei te ajudar a procurá-lo
Mesmo eu sabendo onde o controle está;

E quando dormir, por fim, exausto do teu dia
Vire para o outro canto da nossa cama
E não espere dos meus dedos afagos de boa-noite;

E de mim, meu bem, espere apenas mentiras
Pois o café está quase pronto,
os teus olhos livres das remelas,
o teu cigarro aqui aceso,
a gravata pronta em nó,
o perfume em tua pele,
as camisas todas engomadas,
as almôndegas já congeladas,
a sala de jantar preenchida,
um beijo de retorno,
orgasmos nos banhos,
pés livres de sujeiras,
o controle em cima da cômoda
e um afago de boa-noite.

6 comentários:

Amanda Pinheiro disse...

de repente me sinto assim.

fab disse...

Achei que já estivesse seguindo seu blogue... bom, agora estou... então, encontrei um código que impede a seleção do texto, deixei o endereço do blog em que achei isso abaixo do seu comentário lá no Coleira... Abração.

Ricardo Valente disse...

mutcho bueno

roberyk disse...

Muito bom. Gostei demais da maneira como brincaste com as frases e ao mesmo tempo, trouxe uma realidade à tona. Parabéns.

Anônimo disse...

Toda mulher casada já sentiu, em algum momento,vontade de largar o marido para não viver um cinismo diante de uma sociedade e poder tentar amar outra pessoa sem culpas.
Agora se a mulher decide lutar para reacender o amor ou prefere se aventurar por aí, já não cabe a nós julgar-nos.
Eu preferi a primeira opção e não me arrependo!

V i v i - M a n s o n disse...

Não é a história, não são as palavras; muito menos quem escreve.
Sei lá; de alguma maneira sem levar em conta a história, as palavras ou qm escreve; é como um corpo e este corpo reluz uma aura que cega de prazer.
Sei lá...O que tanto eu gostei?
lindo! *-*