A industrialização do Homem e a morte do seu Lugar


Em toda a história da sociedade mundial, podemos notar mudanças (sociais, políticas, comportamentais e ideológicas) que afirmam a idéia de que o mundo está em constante movimento, não apenas cientificamente falando (as rotações do planeta), mas também, de um ponto de vista psicológico, onde o cérebro do ser humano sempre se encontrou oscilante em seus pensamentos e sentimentos, onde, este fato, faz com que nós diferenciemos-nos da extensa gama de seres vivos do ecossistema. O homo sapiens fora tomando seu lugar entre os outros animais no decorrer de sua paulatina evolução, conforme deixara de andar sobre as quatro patas, tornando-se, conseqüentemente, um ser bípede. Uma cena que ilustra o poderosíssimo pensamento do homem é de um filme dirigido por Stanley Kubrick, “2001: Uma Odisséia no Espaço” (1968), onde um dos primatas mexe com um osso. De repente, ele se agita. Passa a bater o osso, em ritmo e força crescentes, sobre o resto do esqueleto. O movimento culmina quando o osso, agora arma, esmaga o crânio descarnado da capivara. Ao mesmo tempo, o primata, agora homem, visualiza o animal ainda vivo tombando sob o golpe desferido na imaginação. Esta cena aponta com clareza o envolvimento daquele ser hominídeo (uma família da ordem dos primatas, antigos parentes do homem) com um instrumento no qual poderia satisfazer suas necessidades, como o fato de usá-lo parar cortar ou quebrar alimentos. No decorrer do filme, entre uma briga entre bandos daqueles seres, o hominídeo que havia manuseado o osso e quebrado o crânio de uma capivara, agora desfere inúmeros golpes contra o corpo do rival, que caí desfalecido no chão, onde seu bando sai vencedor daquela luta. A partir de então, o osso torna-se arma. Mais do que um instrumento para facilitação da vida, é agora um objeto que assassina, nossos primórdios descobrem, então, que podem matar.
Toda solução gera um novo problema. Portanto, não existem soluções aparentes, existem medidas em que pode-se beneficiar apenas um lado de um certo problema. A Revolução Industrial trouxe consigo uma gama de soluções, e, portanto, uma gama de problemas (no qual podemos ver seus resultados nos dias atuais). Deixa-se o trabalho artesanal de lado, erguendo em um pedestal a manufatura. A padronização dos produtos torna o consumo da sociedade muito mais homogêneo, perde-se todo o tipo de contato do criador com a sua criação, do artesão com sua cadeira, por exemplo. Com o aumento da demanda de um certo produto, ou até mesmo da população, o trabalho braçal tornou-se insuficiente para o grande crescimento, onde vieram as máquinas para substituir o trabalho dos seres humanos. Neste mesmo filme de Stanley Kubrick, podemos fazer uma interligação entre a introdução das máquinas nas indústrias no século XVIII e o robô HAL 9000, que possui pensamentos próprios e que, em certas cenas do longa-metragem, demonstra superioridade aos seres humanos dentro da nave espacial. Podemos perceber, a partir de então, que o poder foge das mãos do próprio homem, que se vê amarrado em problemas surgidos a partir de uma suposta solução.
A destruição do meio ambiente teve sua devida repercussão muito mais tarde, quando muitos dos problemas surgidos na Natureza tornaram-se sem solução definitiva aparente. Uma das saídas apontadas em diversos congressos que aconteceram em muitos países ao redor do mundo, fora a de que a degradação do planeta não poderia ser revertida, mas sim, amenizada a partir da conscientização da sociedade mundial. A partir desse momento, tornou-se muito mais concreta a idéia de que o homem foi o responsável por toda a destruição do meio onde vive, construindo prédios, indústrias, casas, ruas, avenidas, e destruindo simplesmente a vida. Podemos citar não apenas as conseqüências ruins da Industrialização no Meio Ambiente, mas também, na sociedade. A partir dessa época, o mundo tornou-se muitos mais acessível à todas as pessoas, a integração multi-étnica efervesceu, a população crescia e junto com ela o mundo. A população tornou-se robotizada decorrente à mecanização de tudo. Com a substituição dos homens pelas máquinas, o desemprego tornou-se visível, e junto com ele, a violência, pois, a partir do instante em que uma pessoa se vê encurralada pela pobreza, tendo de dar sobrevivência não só para si própria, mas sim à sua família, atitudes extremistas são confirmadamente efetuadas, na maior parte destas atitudes são roubos, assassinatos e etc. Não há uma saída específica para os problemas que ocorrem atualmente. Há apenas a esperança de brotar na mente de nós, seres humanos, a semente da conscientização de que o Planeta Terra é o único lugar que suportaria a nossa ignorância e prepotência, e que a destruição da vida faz de nós assassinos aprovadores de todo este massacre à luz do dia. A amenização das dificuldades enfrentadas poderá servir de saída imediata, mas não definitiva. Temos que perceber que o globo onde vivemos extingue-se gradativamente à cada ação nossa contra a natureza, onde, cada uma destas ações, terão conseqüências irremediáveis, e que podem surtir sinais de melhora apenas com a amenização destas chagas incuráveis de que perece o Planeta Terra.

3 comentários:

Maria disse...

'Toda solução gera um novo problema'. Interessante, nunca havia formulado em uma frase este pensamento, mas é exatamente isso. Acho até triste a gente olhar para o mundo 'moderno' que foi pensado e perceber que efetivamente o que conseguimos foi a destruição do planeta. Acho mais triste ainda a capacidade de manter o olhar superior diante dos outros seres vivos, desde o dia que descobriram que podiam matar e logo, ter poder sobre os outros. Será que o homem acredita mesmo que não é natureza também? Que é mais um animal do planeta e só? Que com a extinção ele também será extinto? Acho que estão ocupados demais lá no alto para perceberem que não estão destruindo a natureza, mas eles mesmos. Triste não?! (...)

(Eu estava com saudades!)

Meu beijo

Alê disse...

Olá

Olha, você descreveu o que passamos todos os dias com maestria.

Sabe, eut ambém penso dessa forma, mas você abriu a caixa de Pandora ao discorrer que toda solução gera um novo problema.

Isso eu nunca havia pensado.

Beijos de quem a cada dia admira mais a sua escrita.

Alê

Ricardo Valente disse...

Pois é... sempre existiu essa destruição, consequente do tipo de desenvolvimento humano. Somos organizados feito um cupinzeiro, mas há um mistério que não deciframos. Tem que ter algo além disso. É impossível consumir sem destruir.
Abraço!