A espera

Esperei-te até o meu coração sangrar. As horas tornaram-se séculos, e a areia da ampulheta invisível parecia ter sido congelada. Nada mexia-se, tudo em seu devido lugar. Aquela cadeira que me pacientava tornou-se uma máquina de tortura, um harakiri contra todos os meus valores.
O dia tornava-se noite, passava a primavera para entrar o verão, a minha pele, outrora macia, era consumida pelas rugas, e os cabelos se tornaram areia e desmanchava-se com o sopro da espera. Por que aquilo tinha de ser daquele jeito? Eu me corroía por dentro como um rato sedento de fome. Tu passava, e cada espera pelos segundos tornara-se longa e penosa; olhar para os lados já não adiantava mais, havia perdido a esperança de te ver chegar. E não estava louco! Era ali, naquele lugar, que tu ficou de me encontrar, e por que, por que tu não apareceu? Era ali mesmo, naquele horário, eu não entendo o que aconteceu conosco, talvez contigo mesmo.

Talvez eu saiba e, por medo, resolvi esconder de mim mesmo, dos meus demônios. E tu não veio? Sim, não veio, e isso me dói terrivelmente, o sangue circula com desespero pelas veias do meu corpo todo, e passei a parar de esperar em ti para aguardar a minha própria morte, porque viver já não me era mais preciso.

E aqui estoy, chico, mi marijuana: somos los hermanos del tiempo, de la eternidad; somos borrachos y hijos de la America Latina tambien, e aqui estoy, buscando entender-te. E morro por isso...





(08/09/2010)

Um comentário:

Unknown disse...

escrevi...

que a próxima espera não seja como esta.